terça-feira, julho 20, 2010

Construindo para os outros


Desde a mais tenra infância todo ser humano revela sua natureza egocêntrica (herança de Adão). Nascemos acreditando que o mundo gravita em torno de nós. A maioria logo é ensinada que esta não é a realidade. Alguns, entretanto, não são corrigidos ou contrariados e crescem acreditando que são os verdadeiros ‘donos do pedaço’ (na verdade, estes apenas envelhecem sem nunca amadurecerem de fato).

Um dos maiores males que os pais, ou os responsáveis pela educação de uma criança podem proporcionar é não informar ou não ensinar à criança que o mundo é maior do que o alcance do dedão do seu pé. Todos precisam entender e viver esta realidade: o mundo não tolera os mimados, os ‘reis sem trono’. A síndrome de ‘pequeno príncipe’, que leva as pessoas a imaginarem que há um mundo só para eles, um mundo para poderem mandar, tem criado um exército de pessoas amarguradas, ácidas em suas palavras, destruidoras de relacionamentos.

O egoísmo proporciona um ambiente excelente para a proliferação de outras pragas que, juntas, destroem aqueles que as agasalham, além de provocar avarias ao redor, como uma onda. Quais seriam estas ‘pragas’? Podemos citar algumas: inveja, intolerância, maledicência, orgulho, soberba, difamação. Estas ‘ervas daninhas’ sufocam e impedem o crescimento do altruísmo, da generosidade, da bondade, da benignidade, da mansidão, da gentileza.

Este tem sido o retrato do nosso mundo. Vivemos e convivemos em um contexto no qual os idosos não são respeitados (é verdade também que muitos destes idosos não respeitam seus próximos), mulheres e crianças são frequentemente violentadas e maltratadas, os pobres são oprimidos, os diferentes são marginalizados e, para nossa tristeza, os honestos são considerados ‘bocós’. Sou visitado por uma indignação quando alguém resolve fazer o que é correto e é considerado um ingênuo, um ‘bobo’ pela maioria, ou considerado um ser em extinção. Alguém que devolve uma maleta de dinheiro ao verdadeiro dono vira notícia em rede nacional. Uma esposa que perdoa uma traição do marido é chamada de tola. Por quê? Por causa do egocentrismo que domina os corações das pessoas. O correto, o bom, os mandamentos do Senhor Jesus são para os fracos – este tem sido o pensamento corrente para centenas de milhares.

A Bíblia, entretanto, sempre tem um relato que comprova que vale a pena viajar na contramão da história. No livro do Gênesis (capítulos 6 a 10) encontramos a biografia de Noé. Sua história poderia ser resumida em uma pequena mais impactante frase: “Noé era homem justo, íntegro entre o povo da sua época; ele andava com Deus” (Gênesis 6:9). Vivendo no meio de uma geração cujo coração era totalmente inclinado para o mal, este homem de Deus viajava na contramão. Não é nada fácil andar na contramão, nadar contra a correnteza. Mas, no que diz respeito à vida com Deus, esta é a realidade.

Enquanto todos gastavam seu tempo para amontoar coisas para si, para amealhar fortunas, bens, posses apenas para si próprias, Noé foi convocado e desafiado por Deus a caminhar no contra fluxo. A ordem de Deus foi clara: construa uma enorme arca para abençoar os outros. Deus havia decidido destruir toda a humanidade por causa da malignidade extrema do coração dos homens daquela época (malignidade esta que em nada difere da que pode ser vista nos nossos dias). Neste contexto é que Noé foi convocado para construir algo pensando não em si próprio, mas nos outros; ele foi desafiado e pensar nas gerações futuras.

Noé imediatamente se debruçou sobre este projeto. Enquanto seus contemporâneos gastavam seus dias pensando e construindo apenas para si mesmos, ele investia sua vida no projeto de Deus. Aprendeu que o abençoador constrói para os outros; seus olhos são voltados para fora e para frente e não para dentro e para baixo.

Há algo muito lindo e especial nesta história que nos mostra como este homem pensava nos outros: ele não desejou ser um construtor solitário para levar a ‘fama’ sozinho. Ele tratou de passar a visão para os seus próprios filhos e motivá-los a construir algo muito maior do que a capacidade que tinham para realizar. A construção não era para eles apenas, mas para toda a humanidade.

Neste projeto de Deus, realizado por Noé, foram abençoados a própria família de Noé, todos os seres humanos que vieram depois deles e inúmeras espécies de animais. Construindo para os outros, Noé também foi abençoado. Esta é uma tremenda lição: quem quer ser abençoado precisa construir para os outros, servir os outros, amar os outros.

Se você conseguir ouvir a voz de Deus, escutará a convocação e o desafio para largar os seus projetos egoístas, as construções do seu mundo de ‘pequeno príncipe’, para se envolver inteiramente em construções para os outros, os projetos que Ele tem preparado para abençoar a humanidade. A sua própria vida é uma ‘construção’ de Deus para os outros.
 Gidiel Câmara

Um comentário:

  1. Olá Gidiel!

    Parabéns pelo belo trabalho apresentado aqui no blog. Já estou seguindo!

    Aproveito para lhe convidar a conhecer o meu blog, e se desejar também segui-lo, será uma honra. Seus comentários também serão sempre bem-vindos.

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