quarta-feira, junho 30, 2010

"Já é!"

Uma das fases mais lindas da vida certamente é a adolescência. Por mais que sejam chamados de ‘aborrecentes’ por um monte de gente que se esqueceu rapidamente desta linda fase da sua história, eu me divirto muito com essa ‘gurizada’. Eles são espontâneos, cheios de vida, energia, disposição e muita, mas muita criatividade mesmo. Gosto de parar para ouvir o pão desta ‘galera’. As gírias borbulham dos seus lábios. São tantas, e elas passam tão rapidamente, que acho que nem eles mesmos conseguiriam listá-las. Dentre elas há uma que eu rio sempre que ouço alguém pronunciá-la. Eis aqui a dita cuja: “já é!”. Fico pensando: como é que esse povo consegue criar tanta variação em sua já vastíssima gama de comunicação. Um convida o outro para algo bom e ouve como resposta: “já é!”, muitas vezes acompanhada de “demorô!”.

O “já é!” de hoje seria o oposto do “já era!” muito usado por minha geração. O “já é!” refere-se a algo bom, que desperta o interesse. Se sou convidado para algo muito bom, respondo imediatamente: “já é!”, ou seja, conte comigo, “tô dentro!”. O “já era!” normalmente era usado para se referir a algo que já se foi, a alguma perda, algum fracasso. O rapaz pode dizer de sua antiga namorada: “ela já era”.

Seria muito importante para todos não confundir o “já é!” com o “já era!”. Muitos são os que deixam escapar oportunidades preciosas, o “já é!” por estarem apegados àquilo que “já era!”. Eu e você precisamos nos dar conta de que há coisas, situações, pessoas que passaram, se foram, portanto, não é prudente continuarmos apegados a elas.

A Bíblia nos conta a história de um homem, cujo nome era Enoque, que experimentou a bênção de descobrir que andar com Deus, é um espetacular “já é!”, o melhor de todos. A curta biografia deste homem é linda de ser lida: “Enoque vive sessenta e cinco anos e gerou a Metusalém. Andou Enoque com Deus; e, depois que gerou a Metusalém, viveu trezentos anos; e teve filhos e filhas. Todos os dias de Enoque foram trezentos e sessenta e cinco anos. Andou Enoque com Deus e já não era, porque Deus o tomou para si” (Gênesis 5:21-24).

O significado do nome de Enoque é: “aquele que foi consagrado”. Sua vida foi fiel ao significado do seu nome. A ênfase na curta narrativa de sua história recai sobre o fato de ter ele andado com Deus. Isto fez dele uma pessoa diferente, marcada, separada, guardada, protegida. Imagino que quando o Senhor Deus convidou Enoque para andar com Ele, ouviu como resposta um sonoro “já é!”.

Quando a Bíblia diz que Enoque “já não era”, quer dizer que ele foi definitivamente foi imerso na eternidade ao lado de Deus. Neste ponto foi Deus quem disse para Enoque: “já é!”. Você pode imaginar Deus dizendo isto de você e para você?! Você pode imaginar o dia em que Deus o tomará para Si? Você pode conceber a ideia ser um “já é!” para Deus? Certamente isso está além de toda imaginação humana. Contudo, é a realidade de todos que consideram a vida com Deus um maravilhoso “já é!”.

A mais importante de todas as decisões que alguém pode tomar em vida é se voltar da caminhada em direção ao "já era!" para o "já é!". Você pode conquistar tudo nesta vida e perder o mais sublime de todos os presentes: a vida eterna ao lado do Senhor Deus. Estando vivo, a esperança está à sua frente, mas depois de sua morte ela se colocarà atrás de você e, consequentemente, se tornará inalcançável.

Centenas de milhares consideram que Deus “já era”, que Cristo “já era”, que o cristianismo “já era”. Alguns imaginam que são tão poderosos que até ‘matam’ Deus. Eu preciso dizer àquele que tem isto em mente, àquele que se ilude com o pensamento de que Deus é uma imaginação barata da mente humana, àquele que despreza o Eterno: você terá que se encontrar com Deus, cara-a-cara. Esta é uma realidade da qual você não pode fugir. Nem a morte o livrará dela. Neste dia, se você não tiver mudado de ideia a ponto de considerar a vida com Deus um bendito “já é!”, Deus lhe dirá naquele dia: você “já era!”. Este “já era!”, entretanto, não significará a não-existência, mas sim a impossibilidade eterna de nunca mais poder vir a experimentar a bendita existência para Deus e com Deus.
Gidiel Câmara.

quarta-feira, junho 23, 2010

Vivendo uma verdadeira virada

Todos nós já vivemos momentos difíceis na vida. Isso não é privilégio apenas para poucos. Quando alguém lhe disser não ter problema, diga-lhe que esse também é um problema: não ter problema. Uma vida sem revés, sem adversidade, sem dificuldade é na realidade, uma vida mais sofrida, mais problemática do que as demais. Você pode até não concordar comigo, mas são as situaçõs adversas que nos fortalecem e nos amadurecem. Sem elas apenas envelhecemos. São os ventos que permitem a planta lançar suas raízes no mais profundo da terra e de lá retirar o que necessita para sua saúde.

Um segredo para superar as situações difíceis é a postura. Os que se abatem demais acabam por se entregarem à depressão. Os que decidem enfrentar a dor, a perda, as ofensas, as calúnias com bravura (preste atenção: bravura, não braveza) são os que vêem suas chances de superação aumentarem de maneira considerável. Em momentos de calamidade, como, por exemplo, terremotos, grandes enchentes, deslizamentos, admiro algumas declarações de pessoas que perderam muita coisa, mas ainda assim continuam acreditando em um tempo novo, em uma virada. Vibro com aqueles que vêem o fim de tudo como uma oportunidade para darem a volta por cima. Estes verdadeiramente valorizam a vida. Suas histórias registram viradas espetaculares.

A humanidade tem presenciado incríveis viradas. A Bíblia é generosa em registros de histórias marcadas por viradas sensacionais. A família de Adão viveu dias muito difíceis, mas experimentou A VIRADA. Não creio que alguma família tenha experimentado dores tão lancinantes na alma como Adão e Eva. Eles foram os primeiros: a conhecerem o pecado, a despertarem a ira de Deus, a serem privados do maior privilégio de todos (a perfeição), a perderem dois filhos de uma só vez (um para a morte e outro para o domínio do pecado). Estaria tudo perdido? Existiria alguma possibilidade de experimentarem uma virada neste ‘jogo’ da vida? Afinal, viram Abel ser sepultado e Caim enveredar pela estrada da fuga eterna.

Um “detalhe” (se é que poderia chamar isso de detalhe) fez a diferença e foi o fator decisivo para que a virada fosse vivida: Deus os tirara do Éden, mas não do coração. Perderam Abel e Caim, mas ganharam Sete. A promessa de crescer, multiplicar, povoar a terra, estava sendo renovada com Sete. Pronto, isso é tudo. Não! Havia mais (com Deus sempre há mais). Sete era uma comprovação de que Deus não os abandonara à própria ‘sorte’. Sete era a prova de Caim errara ao duvidar que Deus pudesse perdoar. Caim optou pela fuga e por uma vida desprovida da alegria dos perdoados. Adão e Eva seguiram na direção oposta e viram em Sete uma nova esperança, uma esperança viva. Sete gerou um filho a quem ele chamou ENOS. O nascimento deste menino marcou um tempo novo na descendência de Adão e Eva, através de Sete. A bíblia registra o fato da seguinte forma: “E a Sete também nasceu um filho; e chamou o seu nome Enos; então se começou a invocar o nome do SENHOR” (Gênesis 4:7). Que coisa fantástica! Que diferença! Que virada!

Se você é daqueles que acham que já experimentaram de tudo e não precisam de mais nada, olhem atrás e procure por ENOS. Caso não o encontre, eu lhes digo que você precisa viver uma virada, ou melhor, A VIRADA.

Se você é daqueles que estão desiludidos com a vida pelo fato de nunca terem experimentado ‘nada’ que de fato valha a pena ser registrado em sua história, olhe para frente, pois ENOS pode estar à sua espera para vir à luz.

Somente podem experimentar uma virada radical, estupenda, maravilhosa, marcante na vida, aqueles que concebem, geram e dão à luz um ENOS. Somente quando Deus passa a ser invocado, buscado, adorado, proclamado e obedecido é que a vida ganha um novo sentido. Ninguém pode adorar a Deus se não estiver em Cristo, se não for de Cristo.

Pastor Gidiel

quinta-feira, junho 17, 2010

A maldição do pé grande

Ouvi, certa vez, um testemunho que difere dos que já tinha ouvido até então sobre cura física. O caso era sobre uma pessoa que, além de outros problemas, tinha uma perna mais curta do que a outra. Já tinha ouvido alguns relatos sobre Deus fazer crescer uma perna curta, ou um braço curto, mas neste caso, o moço contou que sua perna mais comprida encolheu até ficar do tamanho da outra. Gostei bastante desta história, porque creio que Deus está livre para fazer o que quer e não apenas o que desejamos; é livre para fazer como quer e não como esperamos. Um motivo a mais por ter gostado desta história: às vezes Deus precisa fazer encolher coisas na nossa vida; em muitas áreas da nossa vida necessitamos uma diminuição, um ‘corte’ para sermos mais abençoados e sermos bênçãos verdadeiras nas vidas dos outros.

Pensando nisso lembro-me de um personagem da Bíblia, cujo nome é Lameque (o quinto depois de Caim – Gn. 4:18-24). Infelizmente este homem não foi abençoado com os ‘cortes’ necessários na vida. Por causa disso, tornou-se cada vez mais amargurado, irascível, vingativo e violento. A narrativa bíblica diz que ele teve duas mulheres: Ada e Zilá, com as quais teve três filhos e uma filha. Certo dia Amaleque (o Sr. Malvadeza) chegou em casa mais nervoso do que o normal, reuniu a família para fazer um comunicado: havia matado duas pessoas - um homem e um rapaz (este último por ter-lhe pisado). Proferiu ainda uma sentença que se tornou em um terrível legado para sua descendência: “Se Caim será vingado sete vezes, Lameque o será setenta vezes sete” (Gn. 4:24).

Olhando para esta triste história, percebo que, assim como este homem mal-humorado e azedo, há, nos nossos dias, milhares de pessoas padecendo desta terrível “maldição do pé grande”. São pessoas que têm o pé enorme e que são pisados com extrema facilidade, mas nem sempre de propósito. O são, porque são, de fato, enormes, impossíveis de não serem pisados. A culpa não é de quem os pisa, mas sim deles mesmo, porque cresceram além do limite normal. Costumeiramente temos visto estes “Lameques” assassinando “jovens promissores” pelo simples fato de terem pisado seus “pezões”. Além de grandes pés, eles são hipersensíveis. Qualquer toque já provoca um acesso de ira incontrolável, gerando, por sua vez, tragédias enormes.

Estes “Lameques” carecem da bênção do ‘corte’, da ‘diminuição’, do ‘encolhimento’. Seus ‘pés’ precisam encolher para experimentarem a bênção de se verem livres da hipersensibilidade, da ira, do desejo de vingança, da ‘maldição do pé grande’.

Imagino que para Lameque o tamanho do seu pé fosse motivo de orgulho, quando na verdade era e foi o motivo de sua desgraça maior: pecar contra o Criador.

Os modernos “Lameques” também se orgulham do tamanho dos seus “pés”. Ostentam-nos diante dos outros com o fim de mostrar o quanto ele é melhor, superior, mais importante… Ignoram que o presente maior e mais importante que poderiam receber é uma diminuição, um encolhimento, um corte. Somente desta forma poderão se livrar da “maldição do pé grande”. Precisam de um encolhimento no orgulho, na soberba; um corte na arrogância, na altivez; uma diminuição na auto-suficiência, nas posses e bens.

A sociedade está cheia de “Lameques”; as famílias estão cheias de “Lameques”; as igrejas estão cheias de “Lameques”. Gente cheia de ‘não-me-toques’, gente vingativa, gente com deformidades emocionais e, sobretudo, espirituais, que não suportam uma ‘pisada no pé’ sem investir a vida em um projeto de vingança. Essa gente precisa desesperadamente que Deus lhes encolha o ‘pé’, mesmo que não reconheçam esta necessidade, ainda que não considerem um encolhimento como parte do processo de ser abençoado.

Se você é alguém como Lameque, que se incomoda muito facilmente quando seu ‘pezão’ é pisado, é possível que seja alguém que deseje vingança até a morte (setenta vezes sete). Sendo assim, você precisa da bênção do corte para se ver livre da ‘maldição do pé grande’. Com esta bênção você verá o desejo de vingança ser substituído pelo perdão; o número não muda, continua sendo setenta vezes sete (Mt. 18:21-22).



Pastor Gidiel

terça-feira, junho 08, 2010

O desafio de ser você mesmo

Certamente você já ouviu a seguinte frase: “ninguém é insubstituível”. Eu mesmo cheguei a acreditar nisto por muitos anos. Considerava uma grande soberba alguém achar que era “o cara”. Preciso confessar que mudei meu pensamento sobre este assunto. Se ninguém fosse insubstituível, seríamos um monte de iguais. Mas esta teoria esbarra na verdade que declara que Deus nos criou como peças únicas. Diante disto, podemos afirmar que somos insubstituíveis, todos nós. Isso deveria alegrar o nosso coração ao invés de entristecê-lo.


Você já se viu sob uma responsabilidade imensa de ter que ‘substituir’ uma pessoa, no sentido de sucedê-la? Se já passou por esta experiência sabe que a pressão é enorme, tenha sido seu antecessor uma boa pessoa ou alguém que tenha saído de cena sem deixar de si saudades. As comparações são inevitáveis; a projeção da imagem do ‘outro’ sobre você é uma realidade da qual não há como fugir. Numa situação destas o maior desafio é você ser você mesmo. Não se deixar levar pelas pressões para ser mais ou menos igual ao outro é tarefa árdua, mas nem por isso deve ser deixada de lado. Impedir que os outros façam comparações é praticamente impossível, mas você não pode se deixar apanhar pela armadilha de se comparar, se medir com seu antecessor, pois assim como ele, você também é insubstituível.

Centenas de milhares de pessoas passam por esta vida desfrutando de uma terrível experiência de frustração pelo fato de serem apanhadas pela armadilha que as levam a desejar “ser outra pessoa”, ou pelo menos mais parecidas com elas que consigam ser. Tais pessoas desconsideram ou não conheceram a verdade que afirma que Deus fez indivíduos (um por um) não uma série de robôs.

Desde o início da história da humanidade podemos encontrar este desafio de sermos nós mesmos. Ainda bem no início, quando o primeiro casal tinha apenas dois filhos, encontramos o registro de como o ódio provoca destruição no coração de uma pessoa. Caim, movido pela inveja, desejando ser quem não era, assassinou seu irmão Abel. Em virtude disto se tornou um fugitivo. Mas a vida não parou por causa da inveja de Caim. Esta verdade é muito importante para ser desconsiderada: sua inveja não interrompe o projeto de Deus. Por causa dela você pode ficar de fora, mas a vida continua, exatamente como Deus programou.

Adão e Eva, o primeiro casal, seguiu a vida; coabitaram e tiveram outro filho: Sete. Você pode imaginar a responsabilidade que estava sobre este rapaz? Imagine a expectativa dos pais sobre ele! Os dois irmãos se foram: um para eternidade, o outro para o mundo, para a vida, para a fuga eterna. Sete tinha a responsabilidade de ‘substituir’, suceder seus dois irmãos. Que baita desafio! Esperava-se dele que fosse tão bom quanto Abel e, ao mesmo tempo preencher a lacuna provocada pela saudade de Caim, que embora tendo pendido para o ‘mundo do crime’, não deixava de ser filho.

Todavia, o maior desafio de Sete era ser ele mesmo. Ele teria sido um fracasso se tivesse sido apanhado pela arapuca de tentar ser igual a um dos irmãos, ou ser um pouco de cada um deles. Ninguém consegue ser alguém diferente de si mesmo. Por mais que tente representar um personagem, por dentro jamais deixará de ser ele mesmo.

Talvez você tenha vivido uma ‘vida’ tentando ser alguém além de você mesmo. É importante que saiba que este não é o projeto de Deus para você. A primeira coisa que Ele quer é que você seja você mesmo. A partir daí poderá descobrir o que Ele tem reservado para sua vida. A tentativa de convencê-lo a ser outra pessoa é uma artimanha do inferno, pois esta é uma das sutis maneiras de se rebelar contra o Criador. A partir do momento que você descobre a impossibilidade de deixar se de ser você, escancaram-se as possibilidades de descobrir sua missão, o propósito principal para sua vida, que é adorar a Deus e servi-lo sendo você mesmo.

Sete entendeu que devia ser Sete e não Abel ou Caim. Desta forma ele estava livre para seguir o rumo de Deus. E este rumo o levou a ser conhecedor da bênção de ser um adorador. Sete foi pai de Enos, e a Bíblia nos diz que em seus dias “se começou a invocar o nome do SENHOR” (Gn. 4:26).

Pastor Gidiel