terça-feira, junho 08, 2010

O desafio de ser você mesmo

Certamente você já ouviu a seguinte frase: “ninguém é insubstituível”. Eu mesmo cheguei a acreditar nisto por muitos anos. Considerava uma grande soberba alguém achar que era “o cara”. Preciso confessar que mudei meu pensamento sobre este assunto. Se ninguém fosse insubstituível, seríamos um monte de iguais. Mas esta teoria esbarra na verdade que declara que Deus nos criou como peças únicas. Diante disto, podemos afirmar que somos insubstituíveis, todos nós. Isso deveria alegrar o nosso coração ao invés de entristecê-lo.


Você já se viu sob uma responsabilidade imensa de ter que ‘substituir’ uma pessoa, no sentido de sucedê-la? Se já passou por esta experiência sabe que a pressão é enorme, tenha sido seu antecessor uma boa pessoa ou alguém que tenha saído de cena sem deixar de si saudades. As comparações são inevitáveis; a projeção da imagem do ‘outro’ sobre você é uma realidade da qual não há como fugir. Numa situação destas o maior desafio é você ser você mesmo. Não se deixar levar pelas pressões para ser mais ou menos igual ao outro é tarefa árdua, mas nem por isso deve ser deixada de lado. Impedir que os outros façam comparações é praticamente impossível, mas você não pode se deixar apanhar pela armadilha de se comparar, se medir com seu antecessor, pois assim como ele, você também é insubstituível.

Centenas de milhares de pessoas passam por esta vida desfrutando de uma terrível experiência de frustração pelo fato de serem apanhadas pela armadilha que as levam a desejar “ser outra pessoa”, ou pelo menos mais parecidas com elas que consigam ser. Tais pessoas desconsideram ou não conheceram a verdade que afirma que Deus fez indivíduos (um por um) não uma série de robôs.

Desde o início da história da humanidade podemos encontrar este desafio de sermos nós mesmos. Ainda bem no início, quando o primeiro casal tinha apenas dois filhos, encontramos o registro de como o ódio provoca destruição no coração de uma pessoa. Caim, movido pela inveja, desejando ser quem não era, assassinou seu irmão Abel. Em virtude disto se tornou um fugitivo. Mas a vida não parou por causa da inveja de Caim. Esta verdade é muito importante para ser desconsiderada: sua inveja não interrompe o projeto de Deus. Por causa dela você pode ficar de fora, mas a vida continua, exatamente como Deus programou.

Adão e Eva, o primeiro casal, seguiu a vida; coabitaram e tiveram outro filho: Sete. Você pode imaginar a responsabilidade que estava sobre este rapaz? Imagine a expectativa dos pais sobre ele! Os dois irmãos se foram: um para eternidade, o outro para o mundo, para a vida, para a fuga eterna. Sete tinha a responsabilidade de ‘substituir’, suceder seus dois irmãos. Que baita desafio! Esperava-se dele que fosse tão bom quanto Abel e, ao mesmo tempo preencher a lacuna provocada pela saudade de Caim, que embora tendo pendido para o ‘mundo do crime’, não deixava de ser filho.

Todavia, o maior desafio de Sete era ser ele mesmo. Ele teria sido um fracasso se tivesse sido apanhado pela arapuca de tentar ser igual a um dos irmãos, ou ser um pouco de cada um deles. Ninguém consegue ser alguém diferente de si mesmo. Por mais que tente representar um personagem, por dentro jamais deixará de ser ele mesmo.

Talvez você tenha vivido uma ‘vida’ tentando ser alguém além de você mesmo. É importante que saiba que este não é o projeto de Deus para você. A primeira coisa que Ele quer é que você seja você mesmo. A partir daí poderá descobrir o que Ele tem reservado para sua vida. A tentativa de convencê-lo a ser outra pessoa é uma artimanha do inferno, pois esta é uma das sutis maneiras de se rebelar contra o Criador. A partir do momento que você descobre a impossibilidade de deixar se de ser você, escancaram-se as possibilidades de descobrir sua missão, o propósito principal para sua vida, que é adorar a Deus e servi-lo sendo você mesmo.

Sete entendeu que devia ser Sete e não Abel ou Caim. Desta forma ele estava livre para seguir o rumo de Deus. E este rumo o levou a ser conhecedor da bênção de ser um adorador. Sete foi pai de Enos, e a Bíblia nos diz que em seus dias “se começou a invocar o nome do SENHOR” (Gn. 4:26).

Pastor Gidiel

2 comentários:

  1. Só pra variar... Ótimo! Profundo e conciso. Gostei!

    Obs.: É impressão minha ou vc tá seguindo uma ordem cronológica nos posts? Veremos Noé no próximo? rs

    Continue assim pastor!!

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  2. Buenas, este texto que escreveste é muito bom, e como isso as vezes passa na cabeça da gente de ser como a outra pessoa, mas como comentaste Deus criou todos diferentes, assim penso que desta forma as ações e as atitudes de cada um podem se complementar e não dividir, ou querer ser o que não é , um grande abraço.

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