quinta-feira, junho 17, 2010

A maldição do pé grande

Ouvi, certa vez, um testemunho que difere dos que já tinha ouvido até então sobre cura física. O caso era sobre uma pessoa que, além de outros problemas, tinha uma perna mais curta do que a outra. Já tinha ouvido alguns relatos sobre Deus fazer crescer uma perna curta, ou um braço curto, mas neste caso, o moço contou que sua perna mais comprida encolheu até ficar do tamanho da outra. Gostei bastante desta história, porque creio que Deus está livre para fazer o que quer e não apenas o que desejamos; é livre para fazer como quer e não como esperamos. Um motivo a mais por ter gostado desta história: às vezes Deus precisa fazer encolher coisas na nossa vida; em muitas áreas da nossa vida necessitamos uma diminuição, um ‘corte’ para sermos mais abençoados e sermos bênçãos verdadeiras nas vidas dos outros.

Pensando nisso lembro-me de um personagem da Bíblia, cujo nome é Lameque (o quinto depois de Caim – Gn. 4:18-24). Infelizmente este homem não foi abençoado com os ‘cortes’ necessários na vida. Por causa disso, tornou-se cada vez mais amargurado, irascível, vingativo e violento. A narrativa bíblica diz que ele teve duas mulheres: Ada e Zilá, com as quais teve três filhos e uma filha. Certo dia Amaleque (o Sr. Malvadeza) chegou em casa mais nervoso do que o normal, reuniu a família para fazer um comunicado: havia matado duas pessoas - um homem e um rapaz (este último por ter-lhe pisado). Proferiu ainda uma sentença que se tornou em um terrível legado para sua descendência: “Se Caim será vingado sete vezes, Lameque o será setenta vezes sete” (Gn. 4:24).

Olhando para esta triste história, percebo que, assim como este homem mal-humorado e azedo, há, nos nossos dias, milhares de pessoas padecendo desta terrível “maldição do pé grande”. São pessoas que têm o pé enorme e que são pisados com extrema facilidade, mas nem sempre de propósito. O são, porque são, de fato, enormes, impossíveis de não serem pisados. A culpa não é de quem os pisa, mas sim deles mesmo, porque cresceram além do limite normal. Costumeiramente temos visto estes “Lameques” assassinando “jovens promissores” pelo simples fato de terem pisado seus “pezões”. Além de grandes pés, eles são hipersensíveis. Qualquer toque já provoca um acesso de ira incontrolável, gerando, por sua vez, tragédias enormes.

Estes “Lameques” carecem da bênção do ‘corte’, da ‘diminuição’, do ‘encolhimento’. Seus ‘pés’ precisam encolher para experimentarem a bênção de se verem livres da hipersensibilidade, da ira, do desejo de vingança, da ‘maldição do pé grande’.

Imagino que para Lameque o tamanho do seu pé fosse motivo de orgulho, quando na verdade era e foi o motivo de sua desgraça maior: pecar contra o Criador.

Os modernos “Lameques” também se orgulham do tamanho dos seus “pés”. Ostentam-nos diante dos outros com o fim de mostrar o quanto ele é melhor, superior, mais importante… Ignoram que o presente maior e mais importante que poderiam receber é uma diminuição, um encolhimento, um corte. Somente desta forma poderão se livrar da “maldição do pé grande”. Precisam de um encolhimento no orgulho, na soberba; um corte na arrogância, na altivez; uma diminuição na auto-suficiência, nas posses e bens.

A sociedade está cheia de “Lameques”; as famílias estão cheias de “Lameques”; as igrejas estão cheias de “Lameques”. Gente cheia de ‘não-me-toques’, gente vingativa, gente com deformidades emocionais e, sobretudo, espirituais, que não suportam uma ‘pisada no pé’ sem investir a vida em um projeto de vingança. Essa gente precisa desesperadamente que Deus lhes encolha o ‘pé’, mesmo que não reconheçam esta necessidade, ainda que não considerem um encolhimento como parte do processo de ser abençoado.

Se você é alguém como Lameque, que se incomoda muito facilmente quando seu ‘pezão’ é pisado, é possível que seja alguém que deseje vingança até a morte (setenta vezes sete). Sendo assim, você precisa da bênção do corte para se ver livre da ‘maldição do pé grande’. Com esta bênção você verá o desejo de vingança ser substituído pelo perdão; o número não muda, continua sendo setenta vezes sete (Mt. 18:21-22).



Pastor Gidiel

2 comentários:

  1. Pr. Gidiel,

    Gostaría de parabenizá-lo pelo artigo,e dizer que realmente concordo com o sr. nossas igrejas precisam com urgência de "cortes",Somente assim poderemos ser uma igreja abençoada e abençoadora.Lilian Cristiane - Marília-SP

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  2. Olá Gidiel. Reflexão perfeita e oportuna, se todos discernissem realmente o Evagelho... Infelizmente muitas "igrejas" se transformaram em "Never lands", "Disneylândias", onde "tempo de casa" é patente,tapetes vermelhos propiciam desfiles de egos e a externalidade comportamental esconde interiores adoecidos.Quem acha que o Evangelho só se aplica aos outros , ainda não entendeu nada !
    Abraço saudoso,
    Júnior

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