terça-feira, agosto 24, 2010

Contando estrelas

Todos nós enfrentamos muitos problemas nesta nossa caminhada rumo à eternidade. Convivemos ainda com a tendência de considerarmos os nossos atuais problemas como os maiores de todos. Sem sombra de dúvidas há problemas que são comuns a todos os mortais e que são sérios, muito graves mesmo. Centenas de milhares enfrentam o maior dos problemas: não conhecer o Deus Eterno, Criador e Conservador de todas as coisas. Outros tantos, a despeito de saberem da sua existência, insistem em viver como se ele não existisse. Mas há ainda aquelas pessoas que, apesar de confessarem a existência de Deus, não “permitem” que Ele seja Deus em suas vidas. Estas também enfrentam um problema muito sério: submetem-se à religião, aos líderes (donos ou acionistas majoritários) da religião, mas não se submetem inteiramente ao Senhor Deus, ao senhorio de Cristo.

A raiz de todos os demais problemas é fruto destas situações acima mencionadas. Não acreditar na existência de Deus lança as pessoas em no “tobogã da perdição” – a viagem é alucinante, rapidíssima, mas trágica. Fingir ou ignorar a existência de Deus é como tentar sair sob uma chuva de meteoros protegido por um guarda-chuva de camelô. Conhecer Deus e confessá-lo como Senhor, mas, ao mesmo tempo fechar a porta para Ele em sua vida implica viver uma vida de auto-enganação. Deus é Deus e ponto. A minha e a sua anuência não altera esta verdade.

Na jornada em meio ao povo de Deus podemos perceber que existem muitos que parecem não acreditar no que Deus disse e continua dizendo. São pessoas estressadas, amedrontadas, envolvidas “até o pescoço” com as coisas desta terra e sem tempo nenhum para ouvir a voz do Criador, que diz em sua santa palavra: aquietem-se, parem de lutar; saibam que eu sou Deus (Salmo 46:10). É preciso conhecer mais de perto quem disse isso, pois se trata de uma tarefa muitíssimo árdua. Estamos no meio de uma batalha; somos pressionados por todos os lados o tempo todo e, ao mesmo tempo convidados à quietude. Qual a intenção de Deus com isso? Simples: eu e você precisamos não apenas saber, mas também reconhecer em nossas vidas que Ele é Deus e tem o domínio sobre nossas adversidades, sobre nossos inimigos, sobre nossas lutas. Depender de Deus é muito melhor e muito mais seguro do que depender de nós mesmos

Desde os primórdios da humanidade Deus tem levado seus filhos a dependerem dele em tudo e o tempo todo. Isto, no entanto, não é sinônimo de não fazer nada, mas sim fazer o que Ele diz que deve ser feito. É muito importante não confundir fé com inatividade, imobilidade.

Abraão foi um homem que aprendeu, desde cedo, que a estrada da fé é marcada por aclives e declives acentuados; cercada por fortes tempestades. Ele recebeu uma ordem do Senhor Deus para se mudar para o desconhecido. A esta ordem ele prontamente obedeceu. Juntamente com a ordem vieram promessas, dentre as quais podemos destacar: seria abençoado e abençoador, seria pai de muitas nações. O problema é que sua amada esposa Sara não podia dar-lhes filhos. Estava aí um grande aclive. Como superá-lo? Ao ouvir a promessa de numerosa descendência o “pai da fé” apresentou ao Senhor suas impossibilidades, ao mesmo tempo em que sugeria uma solução alternativa: Eliezer, um escravo a quem tinha o apreço de um filho, Neste momento Deus levou-o para fora da tenda e lhe fez um convite/ordem: “olhe para o céu e conte as estrelas” (Gênesis 15:5).

Neste momento o Eterno, o Criador, o Santo, o Poderoso Deus estava dizendo a Abraão: “aprenda uma coisa, meu filho: você conhece as impossibilidades, você conhece limitações. Tudo isso se constitui em problemas insolúveis para você, mas não para mim. Há um propósito para esta impossibilidade na sua vida: ficar comprovado que eu fui o Autor do projeto. Da mesma forma que você não consegue contar as estrelas, não consegue superar esta impossibilidade. Eu, todavia, posso remover sua impossibilidade assim como conheço todas as estrelas e as chamo pelo nome”.

Em um tempo de incredulidade tamanha é importante crer que a Palavra de Deus é verdade. É vital para os seus filhos reconhecer não apenas o seu amor, como também seu poder, sua soberania. Deus não apenas quer remover suas impossibilidades como também pode removê-las. Saiba que tais impossibilidades sempre têm um propósito definido: a glória do Senhor, portanto, não se deixe vencer pelo desânimo, pela fadiga; resista aos ataques da incredulidade. Os dias passam, transformam-se em semanas que, por sua vez se prolongam ao ponto de se transformarem em meses e… nada do cumprimento da promessa. Alguma coisa certamente está faltando. Às vezes não é a fé (eu acho que em boa parte das vezes não é a fé que falta). Talvez você não tenha entendido que este é o tempo de contar as estrelas. Abraão passou vinte e cinco anos contando estrelas até que o filho prometido surgiu no horizonte de sua história. Neste meio tempo ele chegou a concordar com Sara em pegar um atalho, em fazer uso de métodos criados e aprovados pelo homem. Teve que reconhecer o erro.

Existe a possibilidade de você, ao ler este artigo, estar sendo convidado pelo Senhor Deus a sair da tenda para contar as estrelas. São importantes algumas considerações: Ele sai da tenda com você; é preciso que você olhe para cima, onde as estrelas estão; você precisa estar em um local onde as estrelas possam ser vistas sem a concorrência de outros brilhos, outras luzes (aquiete-se e saiba que eu sou Deus, lembra-se). Sua tarefa é acreditar, esperar e… contar.

Gidiel Câmara

quarta-feira, agosto 18, 2010

Síndrome do "nadismo"


Recentemente assisti, em um programa semanal, uma reportagem sobre um movimento que chegou ao Brasil e que já conta com vários seguidores. Trata-se do “nadismo”. Em suma, este movimento tem reunido inúmeras pessoas em alguns países para fazerem nada. Isso mesmo, para fazerem NADA. Os adeptos se encontram em parques ou em algum local para retiro a fim de ficarem “de papo pro ar”. No Brasil seus seguidores, que já fundaram o clube do nadismo, chegam a citar o seguinte verso de uma música de uma roqueira famosa: “nada melhor do que não fazer nada…” para defenderem o movimento. Os “nadistas” alegam que a vida está muito acelerada, muito corrida, com ênfase no materialismo; por isso o não fazer nada, às vezes, torna-se uma maneira de desestressar.

Ao ver a reportagem lembrei-me de alguns que têm o “nadismo” por filosofia de vida. Estes são os que às vezes correm, às vezes fazem alguma coisa, às vezes produzem, às vezes trabalham, às vezes estudam… Certamente foram vitimados pela “síndrome do nadismo”. Para estes o nadismo não é uma filosofia, um clube, um momento para desestressar, mas uma enfermidade. Neste sentido, o nadismo é nocivo. O remédio se transformou em veneno.

O nadismo pode se transformar em um grande problema se for visto como saída para uma vida sem paz, sem tranquilidade, sem harmonia, sem esperança, sem descanso. Não fazer nada, às vezes, é de fato muito bom, muito embora não seja a melhor coisa a “ser feita” como preconiza a referida roqueira brasileira cantora da música citada acima. Não fazer nado o tempo todo entedia a alma, atrofia a esperança, degenera a fé.

A “síndrome do nadismo” é oposta à fé. O “nadismo”, como filosofia de vida, convida à inati-vidade ao passo que a fé convida à produtividade. À luz deste fato passei a um tempo de reflexão a respeito de tantos nadistas de carteirinha que encontramos na caminhada dentro do Reino de Deus. Em nome de uma suposta vida de fé, não são poucos os que não fazem nada. Na realidade estes parecem viver pela fé dos outros, ancorados na fé dos outros, sustentados pela fé dos outros.

Na Bíblia, mais precisamente no livro de Gênesis, encontramos a narrativa da vida de Abrão: um homem que não conhecia o nadismo, mas também não era vítima do ativismo. Era um homem comum, vivendo entre pessoas comuns, enfrentando problemas comuns a todos os mortais, no entanto teve uma experiência sobrenatural: o Deus do céu, o Altíssimo, o Eterno apareceu-lhe com uma santa convocação: “Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei” (Gênesis 12:1). O desafio era muito maior do que Abrão poderia abraçar. Por isso, o projeto exigia fé. Precisamos entender que todo projeto de Deus é maior do que nossa capacidade para realizá-lo. Portanto, é veraz a afirmativa que todo nosso trabalho para Deus é um projeto de fé.

Um dos conceitos populares para fé é o seguinte: “um salto no escuro”. O conceito bíblico de fé, no entanto, é o oposto a esta afirmativa. Na Bíblia percebemos que fé é um salto na luz, um salto para a luz, a verdadeira luz, que jamais se apaga. Quem vive por fé, vive na luz, vive na claridade. Segundo a Bíblia, ter fé é ver o que não pode ser visto, esperar pelo que não existe, confiar no que não pode ser tocado. A fé se transforma em olhos, braços e pernas para a alma.

Abrão (cujo significado é ‘pai exaltado’) recebeu uma promessa de Deus de que seria trans-formado em Abraão (que significa ‘pai de muitas nações’). O problema é que sua esposa não podia ter filhos, e ambos já não eram tão novos. O projeto realmente era maior do que um ser humano podia realizar. O convite de Deus para Abrão era para uma caminha de fé e não para se transformar em um “nadista”. Por ter crido e obedecido, este homem ficou conhecido até hoje como o “pai da fé”.

Olhando para o passado, enxergo a vida e o testemunho de Abrão; olhando para o presente deparo com pessoas que estão sendo vitimadas pela síndrome do nadismo. De um lado sou convocado para a ação, de outro vejo a inatividade, o ócio, a ausência de sentido. Não há harmonia entre a síndrome do nadismo e uma vida de fé. A fé requer ação, movimento, certezas, coragem, intrepidez. De forma paradoxal, enquanto espero a direção de Deus, devo continuar a caminhada; mesmo sem enxergar com nitidez devo avançar; ainda que não haja provas concretas devo continuar confiando; ainda que não tenha recebido o que me foi prometido, devo continuar proclamando a materialização da promessa.

Anos atrás uma música que fez muito sucesso aqui no Brasil dizia: “Estava à toa na vida, o meu amor me chamou pra ver a banda passar cantando coisas de amor”. Isso tem muito a ver com a síndrome do nadismo, cuja tônica é estar à toa, sem fazer nada, apenas com disposição a ver as bandas passarem. A história do pai da fé nos confronta com outra realidade: o Senhor Deus está convidando pessoas que não estão à toa e nem desejam ficar à toa, para fazerem parte da banda e não apenas vê-la passando.

Gidiel Câmara

quarta-feira, agosto 11, 2010

Falando a mesma língua

Conhecer novas culturas, passar por experiências transculturais, estabelecer contato com povos e raças dos mais diferentes pontos do mundo fazem parte da lista de coisas que aprecio bastante. Não sou um poliglota; faço um bom uso da minha língua mãe e “arranho” alguma coisa em mais dois idiomas, nada mais do que isso. Mas acho sensacional estar em uma outra nação onde não entendo nada do que falam. Desta forma considero a importância de se entender o que os outros querem dizer.

Falar a mesma linguagem é essencial à unidade. Se duas pessoas ou um grupo de pessoas desejam caminhar na mesma direção é essencial que se entendam. Para haver acordo é necessário existir comunicação clara, inteligível. Quando há entendimento, compreensão, é possível se chegar à concordância. Isso gera poder. Isso pode ser bom, muito bom mesmo. Mas pode também ser muito ruim.

A Bíblia narra a história conhecida como a construção da torre de Babel (Gênesis 11:1-9). Este fato ocorreu após o dilúvio. O Senhor Deus havia dado uma ordem para que os descendentes de Noé repovoassem a terra. Todos falavam a mesma língua e isso facilitou que entrassem em acordo quanto ao propósito de construírem uma enorme torre. Até aí, nada de anormal. O problema não estava na torre, mas na intenção, no propósito do coração daquela gente. Aquela torre, para eles, simbolizaria o poder ilimitado que deteriam se estivessem juntos, falando a mesma língua. O povo estava desafiando Deus, o único que é ilimitado ‘sozinho’. Deus é super poderoso, inigualável, inatingível ‘sozinho’. Este foi o problema daquela gente: querer superar Deus. Todos os que tentaram fazer isso fracassaram.

Enfrentar o Todo-Poderoso é um projeto falido, um natimorto. O Senhor, soberano como é, eterno como é, infinito como é, todo sábio como é, tratou de barrar o “projeto Babel”. Em apenas uma fração de segundos as pessoas passaram a não se entenderem porque Deus, Aquele mesmo que tinha autoridade sobre suas vidas, confundiu a linguagem deles. Não havendo entendimento, o “projeto Babel” fracassou e cada um tomou um rumo diferente.

O que eu e você precisamos entender é que falar a mesma língua não implica em trabalhar para o bem; não implica em construir as “torres” que o Criador do Universo deseja que sejam construídas. Podemos falar a mesma língua e percebermos que isso, de fato, nos torna muito fortes, poderosos, influentes. Todavia isso não quer dizer que estamos usando nossa força para exaltar o Nome de Deus.

Há muitos trabalhando em “projeto Babel” nos nossos dias. Falam a mesma língua, entram em acordo, mas o objetivo é a destruição de outra pessoa através da maledicência, calúnia, do desprezo. Quando o objetivo da concordância, da unidade for eminentemente egocêntrico, a destinação da “torre” que está sendo construída será a ruína. Vale ressaltar que uma “torre” pode estar destruída mesmo que continue ‘de pé’. Quando Deus rejeita algum projeto, por maior influência e opulência que apresente, ele não existe para Deus; desta forma, já foi implodido.

Enquanto as pessoas se unem em torno do “projeto Babel”, construindo “torres” a fim de se tornarem cada vez mais fortes, mais poderosas, mais ricas, mais ‘donas’ do mundo, ainda podemos ouvir o Senhor Jesus orientando os discípulos a construírem outro tipo de “torre”, aquela em que Deus é exaltado e glorificado entre os povos. Para isso ele orou ao Pai para que os discípulos fossem um assim como os dois (ele e o Pai) eram um (Jo. 17:11,21,22). Trata-se de um outro projeto, totalmente revolucionário, no qual Deus é o centro e não o homem. Este projeto se tornaria conhecido logo depois como “projeto Pentecostes”.

Novamente um povo estava falando a mesma língua, exercendo uma enorme influência, tornando-se cada vez mais poderoso, mas com um propósito santo: levar uma mensagem de esperança às nações; a partir do Pentecostes do início dos anos trinta da era cristã, uma nova linguagem passou a ser falada: a linguagem do céu. Falar a língua do céu não significa ser ininteligível. Muito pelo contrário, todo aquele que fala esta linguagem é muito bem compreendido, pois a linguagem do céu é a linguagem do amor. Jesus disse aos seus discípulos que eles seriam reconhecidos como sendo ‘povo de Deus’ se falassem e vivessem o amor que haviam recebido dele (Jo. 13:35).

Portanto, podemos afirmar que não basta falar a mesma língua para ser invencível. É imprescindível que se fale a língua do céu, a linguagem do amor que, por sua vez, não pode ser apenas um vocabulário estático, mas uma força em movimento que não pode ser vencida, contida, superada. Esta “torre” ninguém derruba, pois é projeto de Deus.

Gidiel Câmara.

quarta-feira, agosto 04, 2010

Desmascarado

É realmente uma lástima convivermos com uma pessoa pensando conhecê-la para, no fim das contas, confirmarmos que de fato caminhávamos com um desconhecido. Ser enganado, traído, passado para trás nunca foi e nunca será algo agradável. Mas se descobrimos isto, devemos nos alegrar imensamente. Sim! Uma descoberta desta natureza á algo libertador: liberta-nos de sermos enganados e traídos novamente, pelo menos pelos tais enganadores que, enquanto se mantiveram camuflados sob seus disfarces conseguiram ludibriar, mas quando foram desmascarados, seu tempo chegou ao fim.

Seria uma presunção imaginar que alguém conseguiria viver uma vida inteira enganado sem ser desmascarado. As roupas, os disfarces, a estética exterior conseguem ocultar a verdadeira identidade por certo tempo (às vezes tempo demais, eu reconheço), mas não é suficiente para ocultar de todos, o tempo todo. Chegará o momento, certamente, em que o traidor será traído por seu verdadeiro ‘eu’, quem ele realmente é.

A realidade da vida nos mostra que não somos o que comemos, ou o que vestimos, mas o que fazemos. Nossas ações, em uma das próximas esquinas da existência, revelarão quem realmente somos. Jesus, o único que foi cem por cento autêntico, disse certa vez que a boca fala do que o coração está cheio (Mateus 12:34). Somos o que somos por dentro. Podemos mudar roupa, estilo do cabelo; dar uma ‘repaginada’ no visual por meio de cirurgias plásticas; mudar de cidade, de estado, de país, de escola, de emprego, de namorado(a), de cônjuge… mas continuaremos sendo o que somos por dentro.

A história da família de Noé, narrada no livro de Gênesis, nos mostra a realidade de um coração denunciando a verdadeira identidade. Em um desvario Noé “encheu a cara”, ficou de “porre” e, antes de “apagar”, tirou a própria roupa, ficando peladão dentro de sua casa. Cam, seu filho do meio, entrou na casa do pai, viu aquela cena lastimável e, em vez de cobrir a nudez do pai, tratou de descrever para aos irmãos o quadro que viu. Imagino que Cam tenha sido jocoso o suficiente para constranger os irmãos, pois os dois entraram de costas na casa do pai a fim de cobri-lo primeiro, antes de ajudá-lo.

O coração de Cam o denunciou naquele momento. O pai reconheceu no filho uma falha de caráter tão profunda que lançou sobre ele uma maldição que até hoje tem consequências sérias e graves.

Estamos a milhares de anos deste acontecimento, mas o “recheio” do coração de Cam é muito atual. Assim como este rapaz leviano, muitos são os que entram em nossas “casas” (vidas) e nos pegam nus. Em lugar de nos socorrer, tratam logo de procurar outros para dizer o quanto somos asquerosos. Mas, ainda ontem não eram nossos amigos? Não nos tratavam com certa deferência? O que aconteceu é que a nudez da nossa alma sempre provoca reações nas pessoas. Uns saem logo a propagar nossa fraqueza, nossos erros, nossos pecados. Os que agem desta forma revelam quem realmente são: legalistas, intolerantes, sádicos, fariseus. Expondo nossa nudez, expõem nossa fraqueza ao máximo e, desta maneira, sentem-se superiores, melhores, inexpugnáveis. Outros, entretanto, entram no ambiente em que sabem nos encontrarão nus e nos cobrem antes que vejam nossa vergonha. Estes nem ao menos querem nos olhar nesta condição, quanto menos divulgá-la. Estes também são denunciados por seus próprios corações como sendo verdadeiramente: misericordiosos, compassivos, ajudadores, companheiros.

Provavelmente Cam tivesse alguma rusga com seu pai Noé. Quando teve uma oportunidade tratou de abrir o compartimento onde estava armazenado o desejo de vingança. Possivelmente tenha vivido anos sob os disfarces de um bom filho, um ‘parceiro’, mas chegou o momento em que foi denunciado pelo que havia em seu coração. E, neste dia, Cam apresentou ao pai e aos irmãos o verdadeiro Cam.

Não tenha dúvidas: o que você é por dentro é o que você realmente é. É possível que consiga esconder isso de muitas pessoas, mas é certo que não conseguirá esconder de todos o tempo todo.