Uma das fases mais lindas da vida certamente é a adolescência. Por mais que sejam chamados de ‘aborrecentes’ por um monte de gente que se esqueceu rapidamente desta linda fase da sua história, eu me divirto muito com essa ‘gurizada’. Eles são espontâneos, cheios de vida, energia, disposição e muita, mas muita criatividade mesmo. Gosto de parar para ouvir o pão desta ‘galera’. As gírias borbulham dos seus lábios. São tantas, e elas passam tão rapidamente, que acho que nem eles mesmos conseguiriam listá-las. Dentre elas há uma que eu rio sempre que ouço alguém pronunciá-la. Eis aqui a dita cuja: “já é!”. Fico pensando: como é que esse povo consegue criar tanta variação em sua já vastíssima gama de comunicação. Um convida o outro para algo bom e ouve como resposta: “já é!”, muitas vezes acompanhada de “demorô!”.
O “já é!” de hoje seria o oposto do “já era!” muito usado por minha geração. O “já é!” refere-se a algo bom, que desperta o interesse. Se sou convidado para algo muito bom, respondo imediatamente: “já é!”, ou seja, conte comigo, “tô dentro!”. O “já era!” normalmente era usado para se referir a algo que já se foi, a alguma perda, algum fracasso. O rapaz pode dizer de sua antiga namorada: “ela já era”.
Seria muito importante para todos não confundir o “já é!” com o “já era!”. Muitos são os que deixam escapar oportunidades preciosas, o “já é!” por estarem apegados àquilo que “já era!”. Eu e você precisamos nos dar conta de que há coisas, situações, pessoas que passaram, se foram, portanto, não é prudente continuarmos apegados a elas.
A Bíblia nos conta a história de um homem, cujo nome era Enoque, que experimentou a bênção de descobrir que andar com Deus, é um espetacular “já é!”, o melhor de todos. A curta biografia deste homem é linda de ser lida: “Enoque vive sessenta e cinco anos e gerou a Metusalém. Andou Enoque com Deus; e, depois que gerou a Metusalém, viveu trezentos anos; e teve filhos e filhas. Todos os dias de Enoque foram trezentos e sessenta e cinco anos. Andou Enoque com Deus e já não era, porque Deus o tomou para si” (Gênesis 5:21-24).
O significado do nome de Enoque é: “aquele que foi consagrado”. Sua vida foi fiel ao significado do seu nome. A ênfase na curta narrativa de sua história recai sobre o fato de ter ele andado com Deus. Isto fez dele uma pessoa diferente, marcada, separada, guardada, protegida. Imagino que quando o Senhor Deus convidou Enoque para andar com Ele, ouviu como resposta um sonoro “já é!”.
Quando a Bíblia diz que Enoque “já não era”, quer dizer que ele foi definitivamente foi imerso na eternidade ao lado de Deus. Neste ponto foi Deus quem disse para Enoque: “já é!”. Você pode imaginar Deus dizendo isto de você e para você?! Você pode imaginar o dia em que Deus o tomará para Si? Você pode conceber a ideia ser um “já é!” para Deus? Certamente isso está além de toda imaginação humana. Contudo, é a realidade de todos que consideram a vida com Deus um maravilhoso “já é!”.
A mais importante de todas as decisões que alguém pode tomar em vida é se voltar da caminhada em direção ao "já era!" para o "já é!". Você pode conquistar tudo nesta vida e perder o mais sublime de todos os presentes: a vida eterna ao lado do Senhor Deus. Estando vivo, a esperança está à sua frente, mas depois de sua morte ela se colocarà atrás de você e, consequentemente, se tornará inalcançável.
Centenas de milhares consideram que Deus “já era”, que Cristo “já era”, que o cristianismo “já era”. Alguns imaginam que são tão poderosos que até ‘matam’ Deus. Eu preciso dizer àquele que tem isto em mente, àquele que se ilude com o pensamento de que Deus é uma imaginação barata da mente humana, àquele que despreza o Eterno: você terá que se encontrar com Deus, cara-a-cara. Esta é uma realidade da qual você não pode fugir. Nem a morte o livrará dela. Neste dia, se você não tiver mudado de ideia a ponto de considerar a vida com Deus um bendito “já é!”, Deus lhe dirá naquele dia: você “já era!”. Este “já era!”, entretanto, não significará a não-existência, mas sim a impossibilidade eterna de nunca mais poder vir a experimentar a bendita existência para Deus e com Deus.
Gidiel Câmara.