sexta-feira, maio 27, 2011

Quando o chão desaparece



Há quem realmente goste de experimentar situações de perigo, muita adrenalina e emoções fortíssimas. Para estas pessoas os esportes radicais são uma maneira bem interessante de se “divertir”. Quanto mais “radicalidade”, maior o desejo de estar envolvido com atividades desta natureza.
Eu nunca fui amante de experiências muito radicais. Esportes do tipo asa delta, paraglider, bugging jumping, escalada nunca fizeram parte da minha lista de coisas que desejo fazer antes de morrer. A sensação de não ter chão sob os pés nunca me agradaram muito. Lembro-me da minha pré-adolescência quando acordava assustado por ter tido alguns sonhos muito malucos, nos quais me via despencando de uns precipícios gigantescos. Lembro-me também de saltar com os amigos de alguma encosta ou morro que estava sendo cortado para a construção de alguma estrada. Tomávamos distância e corríamos a toda velocidade antes de pularmos para o nada. A sensação era horrível. O pior da história era ter que fazer tudo de novo para não ter que carregar a fama de medroso.

Muitas outras vezes na vida experimentei a sensação vivida nos sonhos e nos saltos para o nada, ou seja, a sensação de não ter chão sob os pés. Normalmente isso ocorre quando os apoios são retirados, e a sustentabilidade de alguma forma é abalada. Quando isto ocorre, a própria alma parece entrar em queda livre. São momentos delicados, pois a sensação de abandono e desamparo é fortíssima.
Às vezes a queda livre leva um tempo para terminar. Muitas vezes termina apenas quando o “fundo do poço” é atingido. Uma coisa boa pelo menos pode ser dita do “fundo do poço”: não há como descer mais. Quando nos encontramos em queda livre, muita coisa ajuda neste processo. São culpas, acusações (verdadeiras ou falas), legalismos da religião, além do próprio egoísmo que, via de regra, nos leva a pensar no que poderia ser dito a nosso respeito em uma situação de desfavorecimento.
A ausência de chão pode ser pior se não enxergarmos nenhuma possibilidade de recuperação, retomada, renovação, revificação. Sendo assim, ao chegarmos no “fundo do poço” a única coisa que esperaremos é que lancem terra sobre nós a fim de nos sepultar de vez, ao invés de esperar por uma salvação. Será muito interessante acreditarmos que a ausência de chão, que nos conduz ao “fundo do poço” pode representar uma sensacional reviravolta na nossa história.
A Bíblia, no livro de Gênesis, capítulo 37, conta a história de um moço que passou por esta terrível experiência de ver o chão desaparecer sob seus pés, levando-o a um processo de queda livre até atingir o fundo do poço (no caso dele, era literal). O nome do moço era José, o penúltimo filho de Jacó, o primeiro com Raquel, sua esposa amada. José foi fruto de um milagre, uma intervenção direta do Todo-Poderoso. Viveu bom tempo como filho caçula e preferido pelo pai o que provocou nos irmãos uma repulsa enorme contra ele.
Certa vez, quando José já era um adolescente, o pai lhe pediu para ver como os irmãos estavam indo no trabalho com o rebanho. Trajado com sua pomposa túnica toda colorida (presente do pai), José foi ao encontro dos irmãos. A recepção não foi nem um pouco calorosa, muito pelo contrário. Seus irmãos mais velhos, aqueles que tinham como responsabilidade cuidar viram aquela como uma excelente oportunidade de se livrarem de vez do menino mimado. Decidiram matá-lo. Antes disso, jogaram-no em um poço sem água onde ficou no meio da lama, sem perspectiva, cheio de medos, possivelmente incomodado por perguntas infindáveis, todas sem respostas. A morte era certa, a dúvida no momento era como seria e quanto tempo demoraria. Entretanto o Senhor Deus tinha outros planos para aquele adolescente, e a ausência de chão e o fundo de poço faziam parte deste projeto divino.
Você alguma vez já considerou a possibilidade de Deus ter permitido que você fosse ferido e abandonado por aqueles que deveriam protegê-lo e amá-lo? Neste tempo você se perguntou por que Deus o tinha abandonado, ou por que ele não veio imediatamente ao seu socorro? Pensou em abandoná-lo por imaginar ter sido abandonado por ele?
É importante que você saiba que o fato de ter sido traído e abandonado pelas pessoas, até mesmo por aquelas nas quais você confiava plenamente, não implica dizer que você foi abandonado por Deus. Ele prometeu que através do Seu Filho Jesus e do Espírito Santo jamais abandonaria os que são seus. A queda, o “fundo do poço”, a vergonha, a humilhação, a dor, o abandono são partes importantes do processo de amadurecimento na vida daqueles aos quais o Senhor Deus quer muito bem. Sei bem que isso pode soar um tanto paradoxal, mas é a realidade.
A história de José nos mostra que aquele episódio desencadeou um precioso processo na formação do caráter de um dos maiores líderes da história do povo de Deus. Deus preservou a vida de José, mas não impediu que ele fosse vendido pelos próprios irmãos como um escravo para um bando de nômades que passava por aquele local. José experimentaria ainda outras sensações de “falta de chão” e “fundo de poço” antes de se tornar no grande líder do Egito e do povo de Deus.
Talvez você não venha ser um grande líder depois do “fundo do poço”, mas certamente poderá ter o caráter aperfeiçoado, se entender que, ainda que lhe tenha faltado o "chão", o apoio, o socorro, a compreensão, o perdão por parte das pessoas, o Senhor Jesus não lhe negou a Sua presença de poder e consolo.

Gidiel Câmara

terça-feira, maio 10, 2011

Exigir menos... doar mais...

Uma das maiores razões para o “encavernamento”, para a depressão é o fato da pessoa não se sentir amada, aceita, compreendida… Às vezes estes sentimentos não refletem a realidade (pelo menos a externa), ou seja, o sentimento de rejeição é intenso por dentro, mesmo sem ser percebido por quem está “do lado de fora” (mesmo assim os feitos provocados por ele são bastante reais). O ser humano é profundamente ligado à afetividade. A relação do bebê com a mãe é muito intensa. Todo o processo que desemboca no nascimento é marcado por uma ligação afetiva muitíssimo forte.
Foi ideia de Deus criar o ser humano desta forma: tendo necessidade de se relacionar para receber amor, carinho, afeição, e, ao mesmo tempo capacitado para se relacionar oferecendo as mesmas coisas das quais necessita. É lindo este mistério! Uma pena que tenha havido uma avaria, com a decisão dos nossos primeiros pais em estabelecer conexões equivocadas para a satisfação de suas necessidades primárias no que diz respeito à afetividade. Desde então, é muito comum desejarmos mais do que necessitamos e ofertarmos menos do que podemos e devemos. Já reparou como a maioria dos conflitos das pessoas gira em torno disto: exigem mais do que precisam e entregam menos do que devem? O resultado é uma reação em cadeia, um efeito dominó. Uma relação afetiva mal resolvida acaba gerando outras e outras e mais outras… e a sociedade se torna isto que nós conhecemos: pessoas desesperadas por amor e aceitação ferindo outras pessoas igualmente desesperadas pela falta de amor e sem a possibilidade de amar.
Explicamos, normalmente, nossas atitudes extremamente egoístas, da forma mais simplista e infeliz: “se não recebo, também não dou”. Este é o princípio que rege a maioria dos relacionamentos. Mas é preciso entender que existe outro princípio, revolucionário, libertador, que pode reger de maneira saudável nossas relações. O princípio do genuíno cristianismo ensina que antes de receber, devemos dar. Isso mesmo! Quando desviamos nosso foco de nós mesmos, um pouco que seja, enxergamos possibilidades grandiosas para conhecer o verdadeiro amor. Amar de verdade está muito mais ligado a dar do que receber. Amar de verdade não está relacionado a receber para depois dar. Eis aí outro grande mistério: eu e você podemos dar amor, mesmo sem termos recebido amor. Eu disse que este princípio é revolucionário e libertador.
Talvez você esteja a se “descabelar” perguntando: como isso é possível? Como posso amar sem ser amado? Como posso esperar um relacionamento saudável se minhas necessidades afetivas nunca foram satisfatoriamente atendidas? De verdade, não conheço sua história, mas o Senhor Jesus a conhece. E ninguém mais do que ele conhece também a rejeição, o desamor, o ódio, o desprezo, a incompreensão, a dor por ter sido marginalizado… No entanto, ninguém amou mais do que ele, aceitou mais do ele, compreendeu mais do que ele, se aproximou dos des-graçados mais do que ele, perdoou mais do que ele. Por isso ele é autoridade máxima para nos dizer que devemos exigir menos e dar mais nas nossas relações de afetividade.
A Bíblia registra a história de uma pessoa, uma mulher, que conheceu de perto o desprezo, a preterição, a rejeição por aquilo que era por fora. Ser rejeitado pela casca é sempre muito, muito cruel, e isto provoca feridas que normalmente são carregadas abertas por uma vida inteira. O livro de Gênesis (capítulos 29 e 30) narra um pouco da história de Lia, a “prima-esposa-cunhada” de Jacó. Ela era muito menos formosa do que sua irmã, Raquel. Os moços tinham olhos esticados para Raquel, ao passo que Lia sempre era preterida. Isso lhe soa familiar? Você já foi preterido(a) por ser mais feio(a), menos inteligente, menos talentoso(a)? Talvez você entenda bem o coração de Lia, sua dor, suas lágrimas escondidas, seus rancores a endurecer as “paredes” do coração, sua esperança a adoecer ainda mais a cada novo dia…
 
A história de Lia, no entanto, começou a ter uma reviravolta no dia do casamento da irmã. Não imagino que tenha sido o que ela sonhara, mas seu pai ordenou que ela fosse para a noite de núpcias em lugar de sua bela irmã, Raquel. Isto é realmente inconcebível para a nossa cultura, mas não para aquela. Labão, o pai, estava enganado ao pensar que os problemas de Lia estariam resolvidos com aquela brilhante decisão tomada por ele. Sua vida estava prestes a ser envolvida por uma interminável séria de conflitos com a irmã.
A primeira manhã que se seguiu à noite de núpcias foi traumática para Lia. Jacó procurou Labão, seu tio-sogro, indignado por ter sido ludibriado. Alguém pode dizer que Jacó estava certo! De fato, ninguém poderia negar a ele este direito. Mas, e Lia? Você já imaginou o que sentiu esta moça? Ouvir em alto e bom som, diante de outras pessoas, mais uma vez, que a irmã era melhor do que ela, mais bonita, mais formosa… Era tudo o que Lia certamente não desejava. Jacó estava dizendo: “eu não quero esta! Não trabalhei por esta! Não desejo esta! Não gosto desta! Eu quero aquela!”.
Mais uma vez Labão, o pai, não resolveu o problema de Lia. Ao contrário potencializou, intensificou seu problema, sua dor, sua angústia, seus traumas. Ele dá Raquel também a Jacó por esposa. Isto foi o pontapé inicial para a divisão de uma família ainda no seu nascedouro.
Raquel tratou logo de assumir o lugar de “primeira-esposa”. Jacó nunca escondeu suas preferências por ela. E Lia? Bem, Lia era um apêndice, um estorvo, um equívoco, um erro. Sim, tudo isto aos olhos dos “pombinhos” Jacó e Raquel. Aos olhos de Deus ela era gente, com sentimentos, emoções, necessidades e potencialidades afetivas, sensibilidades. Lia era gente assim como seu primo-esposo-cunhado e sua irmã.
O escritor de Gênesis registra uma frase espetacular ao narrar a história de Lia: “Quando o SENHOR viu que Lia era desprezada, concedeu-lhe filhos”. Deus concedeu a Lia o que negou a Raquel: filhos. Nada era mais importante para uma mulher casada naquele tempo do que ter filhos (como mudam os tempos, não é mesmo!). Enquanto a bela, preferida e envaidecida Raquel contava com a atenção máxima de Jacó, Lia contava com o favor de Deus. Enquanto Raquel se desesperava com sua esterilidade, Lia ia tendo um filho após outro.
Esta história me ensina que o desprezo e a rejeição por parte das pessoas, por mais doído que seja, não representa o fim para ninguém. Há um Deus no céu que vê e conhece nossas dores. Seu desejo é que os desterrados sejam aceitos, os desamados sejam amados, os marginalizados sejam aproximados, os preteridos sejam abraçados. Ele quer nos ensinar que nas relações afetivas é muito mais importante dar do que exigir recebimento. Lia entendeu que não adiantava exigir alguma coisa. Ela teria que aprender que suas necessidades afetivas seriam supridas na mesma proporção em que decidisse se doar. A história desta família nos mostra que aparentemente Raquel também aprendeu este princípio.
Desejo a você um tempo novo, fora da “caverna”; aprenda a exigir menos, por mais necessidade que você tenha. Comece, hoje ainda, a dar mais. Simplesmente dê! Não espere retorno, apenas dê! Você será assistido e suprido pelo Senhor Jesus em suas carências; seu depósito será renovado por ele sempre que você se dispuser a entregar, dar, amar, aceitar, receber, perdoar.
Gidiel Câmara

terça-feira, maio 03, 2011

Vale Tudo?


Até que ponto podemos e devemos ir para conseguir o que idealizamos, projetamos, desejamos? Terá algum limite o processo para conquistar ou realizar sonhos? Vale todo o preço pedido pelo sucesso? Às vezes estas questões podem parecer um tanto quanto polêmicas. Todavia, não creio que haja polêmica, desde que exista harmonia entre o caminho percorrido, o preço exigido (e pago) e os princípios e valores aos quais a pessoa esteja apegada.
Por exemplo, para muitos os fins sempre justificarão os meios. O objetivo sempre será mais importante que os caminhos percorridos para alcançá-lo. Os que adotam este princípio não sentirão nenhum tipo de culpa, e nem chegarão ao arrependimento, quando tiverem que ferir outra pessoa, pois suas atitudes estão alinhadas com suas convicções. Ao contrário do que alguns possam imaginar, estas pessoas não têm problema com insônia por causa de suas ações. De acordo com seus valores, são felizes e realizadas.
Para outros, entretanto, o sucesso sempre deverá estar atrelado a uma conduta reta, um caráter íntegro. Estes rejeitarão as oportunidades de ascensão na vida se isto implicar em ações desonestas. O caminho em direção ao sucesso, para eles, é muito importante para desconsiderarem os sinais que apontam perigo.
Sei bem que em uma sociedade que normalmente coloca o foco na satisfação dos desejos e não nas condutas corretas para satisfazê-los, valorizar mais o caráter do que o carisma é sempre um grande desafio. Desde a infância aprendemos que devemos lutar pelo que sonhamos e desejamos, sem nos importarmos com a maneira de se conseguir a realização do desejo. Vivemos em um mundo marcado por uma presença maciça de “meninos mimados”. São adultos pirracentos que não se importam em despejar suas frustrações sobre os outros de uma maneira grosseira, quando seus desejos não são atendidos.

Estes meninos mimados e meninas mimadas foram ensinados que por serem belos sempre estão na condição de escolhedores e nunca de escolhidos. Foram ensinados que pelo fato de possuírem bens podem sempre usar as pessoas, e jamais sequer cogitam a possibilidade de servi-las. Nesta realidade imperam as “castas”, ainda que de forma sutil; o canibalismo social, entretanto, pode ser percebido de forma nítida. Os meninos e meninas, que se esqueceram de amadurecer, necessitam de suas babás para realizarem prontamente seus pedidos.
Este problema crônico se agrava ainda mais quando é transferido para a relação entre o ser humano e Deus. Acostumados a conseguir tudo o que desejam por intermédio de sapateios, choro sem lágrimas e berros, estas crianças em corpos de adultos imaginam que conseguirão ser abençoadas do jeito que imaginam, usando as mesmas “táticas”. A questão é que Deus não é um pai leviano e irresponsável como os pais destes mimados e mimadas. Deus não é um pai com o “chinelo” na mão, mas ele não hesita em usá-lo se a disciplina se fizer necessária, para o próprio bem dos seus filhos.
Adultos com comportamentos infantis são protagonistas de cenas ridículas e patéticas. Inúmeras famílias estão se desmoronando porque duas “crianças” se casaram sem terem condição de ser marido/pai ou esposa/mãe. Muitas igrejas são um palco de disputas e guerrilhas porque “crianças” estão na liderança tentando conseguir o que querem por meio de pirraças, berros e sapateios (as tão temíveis chantagens emocionais).
Sou fanzaço da Bíblia porque ela não apenas apresenta a perfeição de Deus, como também não esconde as limitações e falibilidades humanas. As crises de “crianças pirracentas” não foram ocultadas por Deus em sua Santa Palavra. Várias vezes encontramos relatos de pessoas imaturas tentando conseguir o que desejam por meio de táticas infantis. Um destes exemplos pode ser visto no livro de Gênesis (capítulos 29 e 30). Ali encontramos a história de Raquel, uma moça belíssima, atraente, capaz de conquistar o coração de um homem sem muito esforço. Jacó, seu primo que havia acabado de chegar de uma terra distante, ficou apaixonadíssimo por ela tão logo a viu.
Fica um pouco difícil, eu sei, de entender a história, uma vez que vivemos em culturas totalmente distintas e distantes. Naquele tempo havia uma negociação entre o pretendente e o pai da noiva; e foi exatamente o que aconteceu. Jacó decidiu trabalhar (literalmente) para ter Raquel como esposa. Durante sete anos serviu ao seu tio e candidato a sogro, Labão. No fim deste longo período celebrou-se então uma bela cerimônia e Jacó foi para a sua tão esperada e desejada noite de núpcias. Para sua enorme surpresa, ao acordar e olhar para o lado não foi Raquel quem viu e sim Lia, a que era para ser apenas sua cunhada. Lia, a desprezada, por não ser tão bela quanto Raquel, fora dada por esposa em lugar da irmã.
Jacó até tentou devolver a “mercadoria”, mas não teve jeito. O enganador foi enganado desta vez. Todavia, Labão se mostrou favorável a uma nova negociação por Raquel: seriam mais sete anos de trabalhos. Jacó concordou, mas fez uma exigência: “pagamento” adiantado, ou seja, receberia Raquel imediatamente.
E lá estava Jacó com suas duas esposas (que agora, além de irmãs, eram também cunhadas). Jacó demonstrava uma descarada preferência por Raquel. Deus, que tudo vê, agiu em favor de Lia: tornou-a fértil, ao passo que negou fertilidade a Raquel. Lia ia tendo filhos ano após ano. Raquel ia se enfurecendo a cada novo sobrinho que nascia.

Raquel foi acometida por crises de meninice. A menininha mimada tratou de fazer suas pirraças para conseguir o que queria. Usou de vários estratagemas para conseguir o que desejava, e nada de dar certo. Em uma destas crises, tomou Jacó pelo colarinho e, desesperadamente bradou: “dê-me filhos, ou então me mate”. Jacó, certamente sensibilizado, respondeu à esposa amada: “querida, por acaso estou eu no lugar de Deus que lhe fechou o ventre?”.
Estas palavras parecem ter acordado Raquel de sua letargia infantil. A partir daí a menina mimada amadureceu. Deus foi misericordioso com ela; entretanto, somente depois que deixou de ser uma menina pirracenta no corpo de uma mulher que seu desejo foi atendido. Raquel ficou grávida e teve um lindo menino. O nome dado à criança – José – demonstra que a menina havia crescido de vez. José significa: “que o Senhor acrescente mais ainda”. Raquel não mais usou estratégias de menina mimada e pirracenta; entendeu que não vale tudo para conseguir o que deseja. Entendeu, definitivamente, que o melhor é sempre depender de Deus, o Senhor de todas as coisas e pessoas, Aquele que pode acrescentar ainda mais bênçãos àquelas que já foram derramadas por Ele.
Esta história é útil, ainda hoje, para nos ensinar preciosas lições. Eu e você precisamos entender que Deus não cede às nossas pirraças, às nossas chantagens emocionais. É tempo de mudarmos nosso comportamento, amadurecermos e colocarmos toda nossa dependência em Deus. Ele é poderoso para fertilizar nossos “ventres” secos.